SESCON-RS - Presidente Diogo Chamun - jun2015  - Divulgação

Recentemente, passou pelo Congresso a Reforma Trabalhista com alterações significativas nas relações laborais. Mais do que isso. Entre os mais de 100 pontos modificados, há um que mexe substancialmente com a estrutura sindical vigente. Pelo que foi aprovado no Congresso e sancionado pelo Presidente da República, extingue-se a figura da chamada contribuição sindical em sua obrigatoriedade. Ou, seja: torna facultativo o que hoje é compulsório

Há muitas questões que ficaram no ar. Será que o trabalhador brasileiro está maduro o suficiente para entender a importância de ter uma representação e, assim, pagar espontaneamente a contribuição? As empresas estão preparadas para assumir uma negociação direta com seus colaboradores, passando por todos os desgastes dela, que pode impactar no rendimento e desempenho do seu negócio?

E os sindicatos que sobrevivessem negociariam para meia dúzia de associados, mas a regra valeria para todos? Sindicatos fortes e atuantes, quer sejam patronais ou laborais são importantes, pois organizadamente obtém conquistas como redução de carga tributária e melhores condições de trabalho, além de exercerem papel fiscalizador do poder público.

Não houve discussão com as partes interessadas. São cerca de 17 mil organizações sindicais (de profissionais e de empresários) no Brasil impactados por um novo paradigma.  É bem verdade que desse universo, mais de 40% não tem receita e outros tantos não cumprem com suas atribuições legais. Muitos sequer defendem a categoria que representam. Isso é muito ruim, pois para a sociedade se passa a imagem pejorativa da estrutura sindical brasileira.

Os bons sindicatos, aqueles que defendem interesses de sua classe, oferecem produtos e serviços e retornam com o que recebem das contribuições compulsórias, acabam pagando pelos desestruturados e mal intencionados. Que se fiscalize os ruins e deixem os bons cumprir seu papel!

O SESCON-RS defende a revisão da organização sindical no Brasil. Mas com uma discussão ampla, que ouça todas as pontas do processo e não apenas aqueles que estão no ar condicionado de seus gabinetes parlamentares. Que se mantenha o imposto, porém com valor menor, para que os bons sindicatos possam continuar defendendo seus representados. 

É nítido que precisamos debater com calma e não promover radical mudança na base do canetaço. Estranhamente, no momento que se privilegia o negociado sobre o legislado, se enfraquece as partes que negociam. Perde a economia do país, o trabalhador e o gerador de emprego!

 

DIOGO CHAMUN
Presidente do SESCON-RS