Nelio Tombini 

Nélio Tombini é psiquiatra, psicoterapeuta individual e de grupo. É palestrante focado em psicoeducação e consultor direcionado aos entraves nas relações institucionais. Criou o Serviço de Doenças Afetivas da Santa Casa de Porto Alegre. Trabalha na Santa Casa, onde foi diretor da Psiquiatria por 18 anos. Hoje, é diretor da Clínica de Psicoterapia Breve – Psicobreve. Desenvolve workshops sobre os conflitos emocionais no trabalho e faz sucesso na internet com os vídeos “5 minutos com o psiquiatra Nélio Tombini”, onde aborda os aspectos emocionais vinculados ao cotidiano. Nélio Tombini é presença confirmada no 4º EGESCON (www.egescon.com.br). Confira abaixo a entrevista com ele:

SESCON-RS – As empresas cobram resultados de seus colaboradores. Mas elas têm uma política de gestão de pessoas efetiva para saber extrair o melhor de cada um?

NÉLIO TOMBINI – As empresas não têm uma política de gestão adequada, pois não dão a menor importância para a vida emocional ou psíquica dos seus colaboradores. Lembram de alguma empresa que está atenta para situações de estresse, ansiedade, abatimento, desanimo de sua equipe?  Problemas da vida íntima da equipe são vistos com maus olhos, como se fosse um sinal de fraqueza daquele que venha apresentar algum tipo de sofrimento de origem emocional.

SESCON-RS -É possível ser um grande profissional, mesmo sem equilíbrio emocional?

TOMBINI – É muito difícil, pois a falta de equilíbrio emocional gera um grande desgaste interno e um consumo exagerado de energia que faltará para as outras atividades do cotidiano. Não podemos esquecer que a matriz que conduz nossas vidas, o eixo mestre, é originário da vida emocional. Vou dar um exemplo banal. Dificuldades sexuais masculinas ou femininas em sua grande maioria não tem ligação com falta de hormônio ou outro problema físico. É cuca mesmo!

SESCON-RS – É preciso estar aberto, ser transparente?

TOMBINI – Importante destacar que todos nós encenamos nosso cotidiano, pois as pessoas não estão dispostas a ouvir nossos infortúnios interiores. O sujeito que deseja ser um grande profissional, talvez tenha que ter a grandeza de revelar para seus colaboradores quando não está bem e não descontar seus conflitos psíquicos nos que estão em volta.

SESCON-RS – As redes sociais escancararam o lado intolerante e individualista das pessoas. As pessoas levam essa característica para o trabalho? Como lidar com isso?

TOMBINI – As redes sociais têm servido para dar voz a muitas pessoas que não têm, ou seja, não teriam o que dizer se estivessem frente a frente com seus interlocutores. Não deixa de ser um nivelamento por baixo, quando se trata de cada um dar sua opinião, do tipo: eu acho, eu penso, etc…

Claro que a mesma rede social, tem coisas maravilhosas fora dos “opiniáticos”. As pessoas levam toda sua bagagem consciente e inconsciente para todos locais que vão, inclusive ao trabalho. O problema não são os colaboradores com suas inquietações, mas a capacidade do gestor de lidar com estas dificuldades. Muitas vezes o gestor tem as mesmas dificuldades dos funcionários, só que ele é quem decide, manda. A ameaça direta ou velada pode ser um instrumento dos gestores que não sabem perceber e lidar com este jeito, tipo rede social, que alguns carregam para o trabalho. 

SESCON-RS – Qual o principal desafio para um gestor que lida com equipes de perfis psicológicos distintos? Como harmonizar esse ambiente sem gerar ruídos e atritos? 

TOMBINI – O gestor que tiver competência para perceber aspectos subjetivos de ordem emocional, em si e nos que o cercam, terá grandes possibilidades de ser bom em tudo que faz. Não existe relações sem ruídos e atritos. As organizações investem pesado no desenvolvimento das capacidades intelectuais, conhecimento, através de treinamentos e cursos para suas equipes. Dois MBA, falar quatro línguas, será pouco para gerenciar pessoas.

SESCON-RS – Qual será foco de sua palestra no EGESCON?

TOMBINI – Esta minha palestra, será uma maneira de transferir alguns conhecimentos do mundo interno ou psíquico. Mostrar que estes conhecimentos não são coisas que só pertencem aos psicólogos, psiquiatras ou psicanalistas.  Logo, quem buscar ter mais conhecimento deste mundo emocional ou psíquico, levará vantagens sobre os que investem apenas em treinamentos voltados para atingir metas e resultados. Evidentemente, também é bom ter resultados objetivos e ganhos econômicos.

Saiba mais sobre o Egescon, clique aqui